Porque
buscamos meditar? O que nos leva a sentir esta necessidade? Como podemos nos
educar, e preparar mente e corpo para atingir um estágio minimamente adequado a
pensar de forma mais e(n)levada. Como, frente a problemas que nos atormentam, a
situações que nos afligem mais profundamente, conseguir a paz necessária para
olharmo-nos, como se estivéssemos “fora de nós mesmos”?
Como
conduzir-se com isenção ao avaliar, predominantemente, algo em que somos nós mesmos
uma das faces da moeda? Sem dúvida, a grande luta a travar, é conseguir ser
juiz de si mesmo. E, mais que isso, após “meditar”, decidir ou concluir com
justiça, sem benevolência, sem “puxar a sardinha para nosso lado”.
É interessante
como as mulheres, muito mais que os homens, possuem a capacidade de se
desnudarem quanto a seus tormentos. Algo que a nós pode parecer inexplicável,
essa “sinceridade”, essa facilidade, quiçá consequência, de muitas gerações
oprimidas pelos conceitos sociais mais machistas, pelo domínio do patriarcado,
pela submissão, ao menos aparente, a que eram obrigadas a se sujeitar. Mas está
em sua natureza.
Mostram-se,
expõem-se, rasgam-se, gritam ao mundo o que lhes fere por dentro, o que as
agride por fora. Mas falam, e não
deixa de ser um bom primeiro passo para buscar a superação de seus traumas. As
pessoas precisam ser ouvidas, necessitam expor suas dores, mostrar suas
cicatrizes, avaliar e comparar sonhos e fantasias, comentar experiências,
trocar conhecimento. Saber ouvir é um ato de amor, porque representa atenção dispensada
a quem dela precisa.
Prestar
atenção ao que ocorre em volta, às pessoas que nos rodeiam, ao que se passa com
elas, sondar o que lhes vai na alma, tentar descobrir seus costumes e
motivações ou medos. Caminhar pela vida
valerá a pena se soubermos captar um pouco a cada dia, um pouco de cada um com
quem convivermos, um pouco dos lugares por onde passarmos, um pouco dos hábitos
e crenças, um pouco dos sentimentos e fragilidades, um pouco das pretensões,
das vaidades, das sutilezas, das futilidades, ou um pouco da seriedade, do empenho,
da ética e da dignidade.
Enfim, tentarmos
ser testemunhas dos valores – variáveis, diga-se – dependendo das origens de
cada civilização, raça, credo ou história do povo que a faz, ou a conta depois.
Esta a grande possibilidade que a vida nos oferece, desde que sejamos bons,
atentos, e compenetrados observadores.
Lerei todos os seus escritos, entrar no seu Uber, além de uma confortável viagem, foi um momento de excelente conversa. Obrigada!
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