sexta-feira, 19 de julho de 2013

Emoções de um casamento (Viva los Locos que inventaron el Amor)

Eu havia me preparado bastante bem. Além do que, anos de vivência em salas de aula, com turmas – por vezes – de mais de cinqüenta pessoas, em uma empresa desconhecida, pessoas de origens e formação totalmente heterogêneas, me davam a tranqüilidade que, julgava, iria me ajudar. Contudo, ao chegar o momento, cada cena é uma cena nova. Ali, frente a mim, estava um “Cara Muito Especial”, escutando as palavras do “homem do Cartório”, e as lágrimas lhe eram impossíveis de conter. Sem saber por que, intuição talvez, eu levara dois lenços nos bolsos. Alcancei-lhe um, mais uma vez, em nossas vidas, em gesto de companheirismo e solidariedade. Sim, porque, além de meu filho, estava ali, como falei, antes de ler o texto que levara, um grande amigo, um cara que aprendi a admirar profundamente, e que vi trilhar um longo caminho, que – naquele instante – com certeza, lhe passava na mente, em um filme incontrolável, construído de muitas lágrimas e sorrisos.
Naqueles alguns poucos minutos, não tenho dúvida alguma, sua história foi passada a limpo. Desde seus primeiros passos, suas primeiras descobertas, suas primeiras incertezas, sua lutas consigo mesmo, a princípio, com a busca do entendimento e aceitação dos mais próximos, com o falso moralismo, com a hipocrisia, com a dualidade social, às vezes até de alguns destes, e, muitas vezes, nos desafios e temores enfrentados social e profissionalmente. E bem sei que o choro era o retrato fiel da vitoria final, dos sonhos nunca abandonados, mas, algumas vezes, sob a impressão de andar no fio da navalha, no limite dos sentimentos, exposto às luzes dos refletores de quem se atreve a enfrentar, apegado a seus anseios e suas verdades. E, de certa forma, seu choro foi também o meu. Pois consegui caminhar calmo, e sob controle, pelas palavras e pela torrente de carinho que havia despejado nelas.
Hoje - comecei eu a falar - estamos aqui para festejar o amor, a coragem, a entrega, e a música dos sonhos e dos ideais. Contudo, temos que entender e admitir que somos, cada um, apenas o que conseguimos ser, e nem sempre o que gostaríamos de ser, ou aqueles que nos rodeiam gostariam que fossemos. De certa forma, posso dizer que somos fruto do amor, do ideal e do sonho. Carregamos a serenidade como arma maior, e, por contraditório que pareça, a solene e, às vezes, violenta reação dos injustiçados. Temos que ser lutadores por excelência, os donos maiores de nossos sonhos. Então, é dia de abraçá-los, aplaudi-los e passar-lhes toda nossa admiração. Os caminhos do amor e da vida são sinuosos. E são o companheirismo, a cumplicidade, a confiança, e a admiração que ajudarão a percorrê-los.
Aprendemos que amor se vive, amor se ensina, amor se fala, amor se passa, como postura de vida. Aprendemos que é o amor que dá forças para enfrentar o preconceito e a violência, que pode ser silenciosa e disfarçada. Sim, porque a violência tem uma parte de cinismo, de arrogância, de prepotência, independente dos níveis de agressão. Então, é, a partir do amor, que nos tornamos fortes, solidários, observadores, bons ouvintes, bons leitores, bons cantores de sentimentos e sonhos. E apostamos na defesa de quem luta por seus anseios, de quem se permite amar de forma integral, de quem aprende a soltar o sorriso, e valorizar a lágrima. Porque a lágrima é a melhor vitória para quem te agride.
Mas é o fraco que agride. É o fraco que exige. É o fraco que protesta e inveja. É o fraco que olha em volta, em busca de preencher seu tédio. Assim, é o fraco, que não soube amar, quem faz emergir as batalhas contra os fortes que mergulham no amor de forma destemida. O forte olha à frente, encara os desafios, e, a cada passo dado, está a verificar como posicionar-se para o passo seguinte. Com serenidade como companheira, porque motivado por sua audácia e confiança em seus sonhos. Então, amar intensamente, amar sem limites, amar inovando no amor, amar se redescobrindo, amar sem fronteiras, e sem estabelecer, ou obedecer a padrões, é o que nos leva a sermos pontos de referência. Aos que querem amar, como exemplo, e aos que não o aprenderam, como ponto de mira. Hoje, aqui, festejamos a vitória dos direitos que temos todos, e do maior deles: o direito à felicidade!
Hoje, aqui estamos reunidos para um grande abraço conjunto, para soltarmos o grito, que por vezes fica engasgado, sob a pressão da insensibilidade, da intransigência, ou de incompetência. Sim, há que ser-se competente para saber do amor e de como ensiná-lo e vivê-lo. Sem a pretensão de ser exemplo, mas com a convicção de ser autêntico. Arcando com os ônus, e permitindo-se desfrutar dos bônus! Parabéns, a vocês, e àqueles que aqui vieram! Hoje estamos todos juntos para registrar um momento e o simbolismo do que este encontro representa: Vivamos e deixemos viver! Busquemos ser entendidos como somos, mas tentemos entender, com tranqüilidade e naturalidade, aceitando a cada um como o é! Viva a Vida! E viva os loucos que inventaram o amor!

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