-Senhoras e senhores, uma boa noite.
Temos o prazer de dar por aberto o baile dos jornalistas. Esperamos que tenham
uma noite especialmente agradável, e tudo faremos para que isso seja uma
realidade. Os componentes da turma promotora da festa darão início ao baile,
entrando acompanhados de seus padrinhos e madrinhas. Após a entrada do último
deles, convidamos aos presentes que venham para a pista, ao som de nosso
conjunto. Que todos aproveitem este baile!
A música foi retomada e, pelo caminho
acarpetado, entravam os pares, começando a dançar e a encher a pista pouco a
pouco. Certamente estavam chegando obedecendo à ordem alfabética dos nomes,
pois já uns vinte pares dançavam e Marcelo não havia entrado. O filho, pensou,
viria acompanhado de Tatiana. Ricardo não a vira chegar, nem a Gilson seu
irmão. Percebeu os cabelos louros se destacarem atrás de um par à sua frente.
Entrou na pista. Enlaçou a madrinha pela cintura e, tomando-lhe a mão, começou
a dançar. Não era Tatiana! Ricardo sorriu com a própria surpresa.
Cecília dançava com seu filho! Não pode
evitar ficar a olhá-los embevecido. Ela usando um vestido leve, decotado mais
às costas, a frente em vê, de alças finas, destacando seus ombros que os
cabelos soltos dividiam, colado ao corpo até as ancas, abrindo um godê curto,
deixando-lhe ver bonitas pernas ao movimentar-se nos sapatos de salto alto.
O azul forte contrastava com o traje
creme, puxando a bege, que Marcelo vestia mostrando bom porte. Ao passarem onde
estava, sorriram para ele. Felizes, o que se notava nitidamente.
E Ricardo descobria que tinha um filho
melhor dançarino do que pudera imaginar. A música era bem tocada, bom
repertório, atraindo muitos pares, agora tomando quase que totalmente a pista. Ao
começar a escutar Moonlight Serenade,
viu Marcelo caminhando até ele, mão dada a Cecília.
-Pai, sei o quanto gostas dessa música.
Tem muito tua cara. Aproveita que eu vou tirar Tatiana para dançar e leva minha
madrinha contigo.
Antes de afastar-se sorridente, Marcelo
beijou o pai e Cecília.
-Obrigado madrinha. Danças muito bem.
Agora não me responsabilizo pelo que possa te acontecer. Esse ai deve estar
meio enferrujado.
Ricardo levantou-se e foi interrompido
com a mão dela pousada em seu ombro:
-Espera um pouquinho. Vou buscar minha
bolsa. Não tenho mesa, assim sendo teremos que ficar juntos.
Acompanhou-a a andar entre as pessoas,
elegante, charmosa, bonita mesmo. E a sentiu atraente, mulher. A bolsa já na
mesa, foram dançar. Era leve Cecília. Com o braço em suas costas, tocando sua
pele, Ricardo se descobria a sentir prazer na proximidade do corpo morno junto
do seu. Seus seios lhe pressionavam o peito levemente, mas o suficiente para
que os percebesse, enquanto a mão o segurava no pescoço, o rosto encostado ao
seu, meio recostado sobre o ombro.
Folgou os braços por instantes, permitindo que seus corpos ficassem mais
próximos, ajustando-se um pouco mais, agora as pernas se tocando a cada
movimento. Não percebeu qualquer reação contrária, mais lhe parecendo que
Cecília também trazia seu corpo para junto, o que, com seu vestido fino, fazia
com que o sentisse todo sob as mãos. Agora dançavam When I Fall In Love, mas tão enlevados, que certamente não saberiam
dizer que a melodia era outra. A mão de Cecília acariciava o pescoço de Ricardo
muito suavemente, em movimento lento, quase imperceptível, os rostos colados,
os corpos mais ainda.
Amorosidade e sensibilidade, sempre!
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