quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Lembranças

(de autor desconhecido)

“Eu havia esquecido. Juro que havia esquecido. Você não estava mais presente em minhas lembranças. Nem mesmo em um esforço maior conseguiria trazer de volta este pedaço de nosso passado. Mas hoje, ao folhar o velho caderno de notas, onde amigos e colegas escreviam, assim, de modo um tanto pueril, dedicatórias, versos ou frases soltas, encontrei uma pétala de rosa. Aquela que você me dera como lembrança do dia em que nossas mãos se tocaram vez primeira, em furtivo gesto adolescente. E, olhos nos olhos, como a declarar o amor que ainda não conheciamos, a arrancou da rosa que eu lhe ofertara, e – depois de beijá-la – a depositou entre as folhas de meu caderno. Caderno que fechei, enlevado e momentaneamente apaixonado, como que a explodir por dentro, fruto do sentimento correspondido.

Eu havia esquecido. Juro que havia esquecido. Nem mesmo um pedacinho de você me vinha às lembranças que carreguei de minha infância pela vida afora. Mas ali, tantos anos depois, naquela pétala de rosa, seca pelo tempo, entre as páginas do velho caderno, você voltou. Forte, imagens muito vivas, cores, e emoções. E lembrei você, blusa branca, saia azul plissada, balançando ao vento suave que soprava, sapatos negros, com meias brancas que cobriam suas pernas até os joelhos. E, esperando por mim, parada à porta da escola, me disse amuada: - Você demorou. Pensei que não viesse mais!

Dias lindos! Dias de sonhos, dias de coração disparando a cada vez que nos falávamos. Dias que passaram, e que o tempo foi diluindo em esparsas recordações. Recordações que estavam enterradas nas profundezas de meu ser. Mas que, hoje, ao abrir o velho caderno, voltaram cheias de vida, e tomaram conta de mim. Trazidas por... apenas uma pétala de rosa.”

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