(escrito em 1975)
Nasci com asas, as fiz crescer. Vivi a vida sem aprender!
Fugi da guerra, busquei a paz. Sai da terra, tornei-me audaz!
Subi nos ventos até as alturas, olhei de cima só vi agruras.
Andei na chuva, corri no sol, cai das nuvens, sofri no frio.
Mas vôo sempre, pra não fazer, de minha vida um mal querer!
De olhos firmes, encaro a luz. De peito aberto, choro a sorrir.
Não fique triste, não tenha ciúmes, não sinta medo de meu viver!
Se penso alto, encaro a vida, apenas busco o que há de vir!
Em águas vivas servi de anzol. Fisguei a pólvora de um paiol.
Fui explosivo, mas vida ensina, tornei-me águia, ave de rapina.
Não fique triste, não tenha ciúmes, não sinta medo de meu olhar.
Se luto muito, se tento sempre, é porque tenho muito pra dar!
Me sinto leve, plano no ar. Sou qual gaivota, vivo a sonhar!
Não fique triste, não tenha ciúmes, não tenha medo de meu flanar.
Se deixo a brisa a me levar, é porque tento saber amar.
Andei, sonhei, eu ia e vinha. Um dia acordei, era andorinha.
Por vezes frágil, nos desamores, perdi altura, profundas dores!
Me olhei por dentro, coragem vi. Forte e tranquilo me descobri.
Não fique triste, não tenha ciúmes, não sinta medo de meu voar.
Eu, simplesmente, pensei poder, viver a vida a bem querer!
Um dia cheguei, voltei pra cá. Pousei solene! Virei sabiá.
Homem, menino, lúcido, ativo, busquei da vida não ser cativo.
Não fique triste, não tenha ciúmes, não sinta medo de meu cantar!
Eu, tristemente, pensei tentar, com meu amor te reanimar!
Me vendo inútil fujo daqui. Buscarei flores, sou colibrí.
Vou para longe, não me verás. Mas olha em volta, me encontrarás!
,Em cada amigo, em cada esquina, ficará parte de minha paz!
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