Poucos admitem que seja normal desejar estar só,
dispor de pequenos momentos de privacidade, meditar sobre nossas necessidades e
desejos, ou simplesmente divagar e sonhar um pouco. Somos impelidos a
“participar”, quando temos vitais circunstâncias em que deveríamos aprofundar
diálogos com nós mesmos. Ao descobrirmos, ao identificarmos nossos pontos
fortes e pontos fracos, estaríamos nos preparando melhor para encarar a busca
de um abrigo seguro. Não somos felizes sem os outros, mas não podemos depender
totalmente deles.Dispor de um espaço interior, só nosso, ajuda a não perdermos
nossa individualidade e a descobrir nossos limites de resistência. Faz parte de
nossa responsabilidade em nos tornarmos gente mais inteira, mais completa. Mais
que tudo, nos leva a tomar decisões e saber escolher, sem precisar sempre
incluir outra pessoa em nossas análises e opções. E, ao ganharmos esta
condição, aprendemos a lidar com a solidão com menos temores e mais
naturalidade. Aprendemos a gostar de nossa companhia.Temos que saber evitar nos
tornarmos vítimas de nossos medos, o que, se ocorrer, toma conta de nossas
vidas. A violência existe, e pode estar contida em palavras, em gestos, em
olhares, sem necessariamente se materializar em uma agressão física. Todo
momento trágico merece condenação, mas não pode nos impedir de desfrutar dos
prazeres da vida. Se desejarmos viver intensamente, devemos ter preparo para
enfrentar os riscos. Novas pessoas que conhecemos, inevitavelmente, são por nós
avaliadas pelo seu potencial de violência, e não da alegria ou prazer que
poderão nos proporcionar.Não podemos permitir que a confiança ceda lugar à
suspeita. Desta forma estaremos criando obstáculos a novas conquistas de
amizades, prendendo-nos às antigas. Temos que sair à rua, ainda que seja para
ver pessoas. O sentimento de estar só aumenta nossos temores, nos deixa a
impressão de estarmos desprotegidos, e, pior que isso, leva-nos ao isolamento.
Se convivermos mais com as pessoas, estas se tornarão também mais receptivas e
hospitaleiras.
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