Eu posso estar escrevendo para muitas pessoas, muitas amigas, que se encontrarão nestas palavras. Mas, você, a quem me reporto ao fazê-lo, sabe que é de você que falo. Há pais e mães, e pais e mães. Há filhos e filhos. Na grafia, sem diferenças, na vida, no dia a dia, pessoas totalmente distintas. Há mães e pais que criam seus filhos preparando-os para a vida. Há pais e mães que pouco ou nada conseguem fazer para isso ou, por distração ou omissão, não o fazem. Muitas vezes, estão tão ocupados em aproveitar seus momentos, que se esquecem de prestar atenção nos filhos. Há filhos que ainda cedo despertam e percebem o mundo à sua volta. E, devidamente orientados, crescem ao longo da vida. E, há filhos que pouco evoluem, por disporem de pouca iniciativa ou disposição, ou porque seus pais pouco lhes passaram da vivência adquirida. Vivência que não é algo compulsório. Os caminhos percorridos poderão ser os mesmos. Alguns sabem tirar proveito e aprender, já outros, simplesmente, passam pela vida e, desatentos, ou muito voltados a si mesmos, pouco adquirem das verdadeiras riquezas do viver e do aprender.
Filhos são criados para a vida e para o mundo. E, muitas vezes, teremos momentos, ou períodos, que podem ser longos, em que nossos caminhos irão afastar-nos fisicamente deles. Nada a temer. Estar junto é questão de sentimento, de companheirismo, de exemplo, de diálogo, de “mãos dadas”. Estar junto não tem a ver com distância, mas com afinidade. Então, minha amiga, para quem hoje escrevo, parabéns! Você passou no teste! Ajudou a preparar, não usou de nenhum tipo de sentimento ou reação para chantagear, e liberou sua filha e amiga para que – por conta e risco próprios – descobrisse e desvendasse novos horizontes. E a vida se encarrega de premiar aos que assim se comportam. A maior saudade não é de quem está longe, mas de quem está perto e não possui diálogo. A pior saudade é de quem não é próximo, de quem não estabeleceu laços, ainda que durma em quartos contíguos. Então, a saudade, quando vivida de forma sadia, é a continuação do amor que se sente.
Hoje festejamos todos, o momento de reencontro. Não importa se passageiro ou definitivo. Até porque a vida não é feita de fatos e situações definitivas. Ao contrário, muitas das vezes, para ser agradável, tem que ser composta por surpresas e inovações. Viver não permite acomodar-se. Viver é jogar-se atrás dos sonhos, é sorrir sempre que possível, é cantar a música do bem viver. E deixar viver é ofertar estas oportunidades aos filhos, incentivando-os a percorrerem seus destinos, e traçá-los a seu modo. Podemos sim, e devemos fazê-lo, se possível, continuar atentos a seus passos e possíveis dificuldades ou insucessos, amparando-os com nossa palavra ou gesto, mas permitindo que fortaleçam as próprias pernas ao darem os passos exigidos. E, como hoje ocorre, a cada reencontro, curtir sua presença, passar-lhes nosso carinho, e mostrar-lhes a admiração que nutrimos por sua coragem.