sábado, 13 de abril de 2013

Mãe? Mãe! Filhos? Filhos! Vida? Vida!

Eu posso estar escrevendo para muitas pessoas, muitas amigas, que se encontrarão nestas palavras. Mas, você, a quem me reporto ao fazê-lo, sabe que é de você que falo. Há pais e mães, e pais e mães. Há filhos e filhos. Na grafia, sem diferenças, na vida, no dia a dia, pessoas totalmente distintas. Há mães e pais que criam seus filhos preparando-os para a vida. Há pais e mães que pouco ou nada conseguem fazer para isso ou, por distração ou omissão, não o fazem. Muitas vezes, estão tão ocupados em aproveitar seus momentos, que se esquecem de prestar atenção nos filhos. Há filhos que ainda cedo despertam e percebem o mundo à sua volta. E, devidamente orientados, crescem ao longo da vida. E, há filhos que pouco evoluem, por disporem de pouca iniciativa ou disposição, ou porque seus pais pouco lhes passaram da vivência adquirida. Vivência que não é algo compulsório. Os caminhos percorridos poderão ser os mesmos. Alguns sabem tirar proveito e aprender, já outros, simplesmente, passam pela vida e, desatentos, ou muito voltados a si mesmos, pouco adquirem das verdadeiras riquezas do viver e do aprender.
Filhos são criados para a vida e para o mundo. E, muitas vezes, teremos momentos, ou períodos, que podem ser longos, em que nossos caminhos irão afastar-nos fisicamente deles. Nada a temer. Estar junto é questão de sentimento, de companheirismo, de exemplo, de diálogo, de “mãos dadas”. Estar junto não tem a ver com distância, mas com afinidade. Então, minha amiga, para quem hoje escrevo, parabéns! Você passou no teste! Ajudou a preparar, não usou de nenhum tipo de sentimento ou reação para chantagear, e liberou sua filha e amiga para que – por conta e risco próprios – descobrisse e desvendasse novos horizontes. E a vida se encarrega de premiar aos que assim se comportam. A maior saudade não é de quem está longe, mas de quem está perto e não possui diálogo. A pior saudade é de quem não é próximo, de quem não estabeleceu laços, ainda que durma em quartos contíguos. Então, a saudade, quando vivida de forma sadia, é a continuação do amor que se sente.
Hoje festejamos todos, o momento de reencontro. Não importa se passageiro ou definitivo. Até porque a vida não é feita de fatos e situações definitivas. Ao contrário, muitas das vezes, para ser agradável, tem que ser composta por surpresas e inovações. Viver não permite acomodar-se. Viver é jogar-se atrás dos sonhos, é sorrir sempre que possível, é cantar a música do bem viver. E deixar viver é ofertar estas oportunidades aos filhos, incentivando-os a percorrerem seus destinos, e traçá-los a seu modo. Podemos sim, e devemos fazê-lo, se possível, continuar atentos a seus passos e possíveis dificuldades ou insucessos, amparando-os com nossa palavra ou gesto, mas permitindo que fortaleçam as próprias pernas ao darem os passos exigidos. E, como hoje ocorre, a cada reencontro, curtir sua presença, passar-lhes nosso carinho, e mostrar-lhes a admiração que nutrimos por sua coragem.

sábado, 6 de abril de 2013

Amor como algo maior


Algumas das origens em nossas dificuldades de amar podem estar localizadas em nossa infância. Muitas vezes, se filhos de famílias com vários irmãos, alguém sentiu-se deixado de lado em alguma ocasião especial, ou, quem sabe, por toda sua infância, sem externar isso, ou sem, sequer, identificá-lo claramente. Aos pais cabe, sem dúvida, tentar dar a atenção merecida a todos seus filhos. Mas, por vezes, isto é deturpado por situações que fogem ao controle de todos.
Se temos, por exemplo, um jardim, onde plantas diversas crescem, algumas mais viçosas, outras mais frágeis, às vezes tomadas por pragas, a todas elas devotamos nossa atenção e cuidados, mas teremos que nos voltar a salvar as que apresentam maiores problemas. Isto não significa que estamos deixando as demais de lado. Mas, justamente, as que mais brilho apresentam, serão, provavelmente, as que receberão menos atenção. Teremos, se desejarmos salvar a todas, que nos voltar àquelas que exigem um carinho maior, um forte apoio, um olhar constante.
Estaremos cumprindo nosso papel de jardineiros dedicados, mas, inevitavelmente, prestando menos atenção do nosso tempo disponível àquelas que mostram ser as melhores, as mais fortes, e, no entanto, tão merecedoras de nossos cuidados quanto as demais. Com isto correremos o risco de criar “ressentimentos”. Afinal, o forte possui os mesmos sentimentos e necessidades do fraco. Apenas as transparece menos. Apenas, por natureza ou recursos próprios, se sai melhor frente às intempéries da vida.
E estaremos a repetir, em um simples jardim, os processos diuturnos que preenchem nossas vidas familiares. E que geram sim conseqüências. O tempo dirá se mais ou menos influentes na formação e na personalidade de cada um daqueles a quem ajudamos a formar. E só a maturidade poderá contorná-las, poderá amenizá-las. Quem sabe, quando nossos filhos também possuam seu “jardim”, e verifiquem que cada planta que o compõe exige deles um tratamento e um tempo específico.
Então, irão perceber que foram todos amados da mesma forma, cada um recebendo aquilo que estava a nosso alcance ofertar-lhes, de acordo com suas necessidades aparentes e com as possibilidades que dispúnhamos para fazê-lo. Não importa se por muito ou por poucos momentos, se de forma mais ou menos intensa, mas em todos os casos, de forma autêntica, cheia de dedicação e de esforço para que crescessem saudáveis. E este amor, que lhes foi passado irá refletir-se no amor que então estarão a passar aos outros.
Amar é querer que sejamos o que somos, ainda que possamos melhorar. Amar é alegrar-se com o crescimento de quem se ama, sem desejar que se torne igual a nós. Amar é incentivar idéias, sonhos, individualidade e futuro. Amar é andar junto pelo prazer de se acompanhar, sem obrigações e sem cobranças. Quem ama simplifica a existência do outro, não por eliminar ou evitar as dores, mas por estar junto de nós quando estas se aproximam.

 

Amor e Memória


A memória, no amor, não é o mais fundamental. O amor fica registrado, e permanece em nós, como uma ponte entre a vida e a existência que levamos, sobrevivendo sempre, em imagens, em nuances, em sopros não identificados – e o que menos importa é de onde surgem estes sopros, desde que estejam presentes. O tempo nos leva a entender a vida melhor. O tempo nos faz ver que, aqueles que passaram por nossas vidas, que nos ensinaram seus caminhos, viveram sacrifícios que nem sempre identificamos e entendemos ao momento de seu acontecimento.

O que mais devemos levar em conta é viver de acordo com nossas convicções e sentimentos. É preciso admiti-los de forma honesta, vivendo-os com autenticidade, enfrentando suas conseqüências. A primeira exigência do amar talvez seja a admissão de nossas vulnerabilidades. Se outros, por vezes, por instinto de defesa ou por fraqueza, não admitem as suas, não permitamos que nos ridicularizem.

Afinal, ser autêntico, mostrar nossas verdades, mesmo que estas reflitam nossos pontos frágeis, é a primeira forma de podermos dar algo aos outros. E viver como um grande é, principalmente, admitir-se que enfrentamos, todos, os mesmos fantasmas e ameaças. Apenas, alguns aprendem a entendê-los melhor, e por isso os encaram de forma mais lúcida.

 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O Amor e o Saber II


O amor e o saber caminham muito próximos. Durante nossas vidas, podemos aumentar nossos conhecimentos, encontrar novos caminhos, adotar novas práticas, e para tanto basta que estejamos dispostos a isso. Ao mesmo tempo, se dermos de um e de outro, se ofertarmos amor e saber àqueles que nos rodeiam, continuaremos a ter o que já tinhamos. São coisas que não diminuem por as distribuirmos.

Se amamos intensamente, permaneceremos dispondo da mesma medida de amor para dar. Se passarmos conhecimento a outros, além de não perder o que já temos, há uma tendência a que busquemos saber mais, para continuar ensinando. E nosso saber permanecerá intocável. Entretanto, se você não gosta do que é em termos de amor e saber, poderá sempre modificar isso, criando um novo panorama, buscando crescer, visto que só podemos dar aquilo que temos. A partir disto, poderá compartilhar o que passar a possuir.

Para que esta seja uma realidade constante em sua vida, há que se acreditar que mudanças são sempre possíveis. Mudanças que começam a partir de nós mesmos. Ao contrário do que é material, amor e saber não são elementos desperdiçáveis. E usá-los para viver melhor é uma forma de melhorar a vida e as pessoas que nos rodeiam. Ninguém fica desgostoso por ser amado ou instruido. Ninguém se ressente ao perceber que é querido e ganha mais conhecimento. Ao contrário, tende a desejar permanecer próximo àquele que assim o trata, retribuindo o que recebe, também com atenção, carinho e gratidão.

O Amor e o Saber


O amor e o saber possuem mais pontos em comum do que podemos perceber em uma primeira vista. Em ambos não há limites estabelecidos ou impossíveis. Sobre ambos não devem e não podem pesar preconceitos. E - a maior das verdades - ambos sobrevivem de descobertas e da liberdade de buscar sempre mais.

Em ambos o improviso é segredo de sucesso. A vontade de se entregar é ponto de partida, junto com a expontaneidade com que nos dediquemos a buscá-los. É preciso se libertar de influências externas. Temos perdido a capacidade de nos surpreender. Esquecemos de sorrir, pois poucos sorriem. Limitamos nossos gestos de afeto e atenção porque muitos esquecem de praticá-los.

Esquecemos de dedicar mais de nosso tempo a escutar nosso coração e nossa intuição. Por que é que deveriamos escutar o que cada um pensa sobre "como" ou "o que" deve ser feito? Se o amor e a saber são tão particulares, tão ligados às sensações e necessidades individuais? É preciso, para que nos sintamos realizados, que ouçamos em que direção nos orienta nossa necessidade de crescer e de ser feliz.

E, se sentirmos alguma coisa, permitir que este sentimento sirva de mola propulsora para que amemos mais e mais intensamente, para que busquemos conhecer da vida e de nós mesmos, para que acumulemos saber, sempre em busca da realização de nossos sonhos. Isto não significa nos afastarmos dos outros. Quem ama - e amando também se aumenta o saber - sabe que não precisa ser perfeito, mas sim ser autêntico e leal a seus anseios.

Não é justo deixarmos de fazer algo levados pelo medo de não fazê-lo bem feito, ou por, um pouco mais, ou um pouco menos, temer possíveis riscos. O amor e o saber melhoram as pessoas, e isto as faz serem uma presença agradável aos demais. E, quando somos os donos do destino, de nossa maneira de amar e do nosso saber, nos tornamos mais interessantes e mais particulares. O que faz as pessoas melhores de conviver é aquilo que cada uma nos passa de sua busca por ser melhor e mais feliz.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O amor também é aprender


Podemos, todos, ser os arquitetos de nossas mudanças, de nossa evolução no amor, aceitando que isto não acontece da noite para o dia. Não devemos tentar apressar acontecimentos, forçar que sentimentos venham à tona, cobrar atitudes. O importante é começar! E, quando surgir uma nova oportunidade de amar, experimentar o que já foi aprendido, para nos conduzirmos a um mundo melhor para nós e para aqueles que cruzem nossos caminhos. Os desapontamentos de esperanças não concretizadas podem resultar em marcas profundas. A lição é sarar feridas e não aumentá-las, o que nos conduz a uma interminável análise de porquês, muitas vezes não existentes.

Esperar que as coisas aconteçam por si, pode se traduzir em longas esperas. Os mistérios do amor criam em nossas mentes uma aura de magia, mas, ao mesmo tempo, de incertezas. Abra-se, então, de forma autêntica e inteira, para novas emoções. Na vida, como nas guerras, quem não arrisca, não avança. Há que se ter impetuosidade, permitir-se entregar-se aos sonhos. E neste entregar-se, importante não permitir-se repetir receitas que já falharam. Existem pessoas que só aprendem a se relacionar com um tipo. Falham uma vez, e repetem seus próprios erros de escolha a cada tentativa. Como se desejando justificar-se nas falhas alheias.

Não devemos esperar sempre, nem correr com desespero atrás do que procuramos. Pode parecer um contra-senso, mas é bem assim. A pressa nos leva a não analisar, a não avaliar os riscos. Se apressados, não cuidamos de evitar que “ponham o dedo em nossas feridas”. Esperar sempre é postura falha, pois nada cai do céu. É preciso criar condições e nos apresentar para os fatos. Nada de ficar enclausurado, curtir as próprias dores. Podemos desejar ser amados. Impossível consegui-lo por todos.

Esta compreensão é que dá origem á liberdade. Não pergunte “você me ama”? Sinta-o! E não esqueça que o amor só pode ser dado livremente. Não peça: - Me beije! Faça-o você. Espere, e propicie momentos para que alguém lhe diga “eu te amo”. Não importa quanto o desejamos. Isto só ocorre quando se trata de reação espontânea. Cobrar gestos ou palavras de carinho e devoção só gera constrangimentos e quebra de naturalidade. Se o nível de exigências for grande, grande será a dificuldade de quem se espera retribuição.

Encarar desafios para crescer


Todos nós conhecemos a embriaguez das vitórias e a agonia das derrotas. Pode não haver maior alegria do que a encontrada quando descobrimos meios para superar as próprias fraquezas. Ainda que a vida seja feita de obstáculos, mantendo a esperança, com dignidade, um pouco de coragem ou loucura, e muita fé em nós mesmos, damos grandes passos em direção à conquista de nossos objetivos. Alguns desistem, quando apenas um pouco mais de persistência, uma pequena dose de paciência, os teria ajudado a chegar onde queriam. Pois, quase sempre, quando tudo parece já estar perdido, abrem-se novas portas, e vislumbramos os caminhos para evitar o fracasso.

A solidão caminha a passos largos para se tornar a “doença” do mundo moderno. E, nem sempre, quem está em meio a uma multidão, deixa de estar só. O que não falta são conselhos sobre como sair dela, o que, no entanto, não parece servir de consolo ou solução. A solidão é dolorosa, pode levar-nos à devastação de nossa personalidade. É anti-produtiva, desencorajadora e esgotante, levando a sentir-nos menores. É, de certa forma, este quadro que faz muitas pessoas manterem uma relação insatisfatória. O medo de enfrentarem a solidão.

È preciso admitir que solidão não tem a ver com estar fisicamente só. E todos nós, sem exceção, em algum momento de nossas vidas, já passamos por esta sensação. Poucos têm preparo para enfrentar esta possibilidade. Nossa sociedade promove seguros contra diversos tipos de adversidades, todas materiais, algumas um tanto imprevisíveis, mas pouco ou nada fazemos para enfrentar problemas, tristezas, frustrações sem a companhia e o apoio dos outros. E, a impressão de estar só, na maioria das vezes, nos conduz a um maior isolamento, algo de voluntário e auto inutilizante.

De repente alguém se defronta com sua falta de recursos para reagir só. Não percebe em si mesmo reservas de forças, quando sua individualidade parece esvair-se. Nestas horas, o que a pessoa sentir por si mesma é que poderá definir sua destruição ou sua reconstrução. Trata-se de, através do conhecimento que temos de nós mesmos, buscarmos formas de examinar e reavaliar o mundo que criamos. Não se pode esperar eternamente para entender nossa complexidade. Somos criados para conviver em grupos, muitas vezes somando solidões, tão ocupados, que não nos dispomos a ter tempo para avaliar a realidade de que somos parte